Muito pouco ou nada
Um denunciador fez calar uma voz, ainda modesta e tímida, que se ensaiava no espaço radiofônico da cidade. O que ameaçava essa voz? A voz do denunciador? Como saber? Tal agente, certamente convicto do seu ato, guarda-se no sigilo.
Quem denuncia o denunciador? O denunciador corre algum risco? Ele precisa de sigilo ou proteção? Orgulha-se do seu ato? Quantos crimes o tal denunciador denuncia por dia? Pois muitos por demais os há. O denunciador quis sustar um atentado à sociedade? Conjecturas há quanto a quem seja. Certeza talvez nem a do próprio, talvez enredado em dúvidas metafísicas quanto a ter sido instrumento de uma força superior. Há instâncias urgentes.
O denunciador é moralista, pela ordem dá a vida? Teria o denunciador algum interesse? Ou terá sido um gesto de puro desprendimento? Guardando certamente a sociedade contra a violação, a infração, o crime. O denunciador deve ser uma pessoa grave. Entregue profunda, inteira e radicalmente à sua causa.
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